Desmontando o quartinho parte 1

É, parece que as coisas estão andando em minha vida, depois de conseguir dar uma "saidinha", ontem eu consegui entrar no quartinho dele, das outras duas vezes que entrei, uma delas eu passei mal e tive que ser retirada de lá e a segunda eu desabei a chorar e tive que sair correndo. É um misto de sentimentos quando entramos no quarto, que nunca foi habitado por nosso bebê mas é dele, entendem, é dele e não tem como apagar de lá o seu lugarzinho.
Bom, entrei ontem a terceira vez e eu banquei a forte, não me permiti derramar nem uma lágrima e consegui. Estava tudo empoeirado, e do mesmo jeito que deixamos. A primeira coisa que fiz foi abrir o guarda-roupas e comecei a tirar de lá todos os conjuntinhos que estavam já no cabide, lindos, cheirei um por um e fui dobrando, colocando um a um em um saco plástico que arrumei, fiz varios pacotes e selei. Agora eu fui desmontar o berço, meu Deus, tirei tudo, dobrei e quando fui tirar o mosquiteiro, nossa me bateu uma vontade de chorar, mas não me permiti de novo, não a minha missão ali era arrumar tudo. Prossegui, guardei o pacotão do jogo de berço , no mesmo que ele veio. Fui agora para a outra parte, de fraldas e de roupinhas de cama, os lençóis, lindos todos azuis de bichinhos e verde água, o que eu mais amo é o joguinho do leãozinho, fofo demais. Mais um repente, quis chorar, mas não chorei, mantive entalada lá e minha cachorrinha se manteve na porta , ela não entra de forma alguma no quarto, não sei o que dá nela, posso chamar , jogar osso, nada, ela fica desconfiadissima. Pois bem, voltando, eu continuei , as fraldas de pano, eu passei a gravidez toda bordando e passando bico nelas, cada uma mais linda que a outra, não que eu seja uma "moça prendada", mas eu aprendi há uns anos atrás, nas aulas de arte do ensino fundamental a tecer e a bordar, e aproveitei para eu mesma confeccionar as fraldas, fiz de tudo, compulsivamente, acho que são mais de 40 fraldas, isso mesmo, todas passadas em ponto de bico na barra e bordads em ponto - cruz. Agora as que eu tinha bordado o nome dele, estas minha mãe sugeriu que ela vai tirar os nomes, mas eu prefiro queimá-las, não vou doar, porque tem o nome dele, portanto são dele. Meu marido chegou e ele foi desmontar o "cercadinho", aqueles berços portáteis, que depois de desmontados cabem em uma bolsa que vem com ele, então, foi desmontado e colocado na bolsa. Depois disto eu vi que ainda tem um milhão de coisinhas pra guardar, ainda nem abri a cômoda dele, que tem os body, mijãozinho, pagãozinho e etc, estes eu ainda vou dar mais um dia pra colocar o choro pra longe, decidi que no quartinho dele não vou mais derramar nenhuma lágrima.
Bom, eu ainda tenho que terminar lá, penso que hoje estarei continuando, mas eu digo pra vocês que estão lendo isto, dêem tempo ao tempo, não forcem nada, eu entrei outras vezes e foram mal-sucedidas, mas agora me sinto na obrigação de ir lá.
É assim, as coisas andam a passas de tartaruga, mas nunca paro de andar. Vou chegar lá e vou conseguir, a saudade, a ador, a lembrança sei que nunca sairão de mim, mas vai amenizar.