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Mecônio: investigações.


Estudou-se prospectivamente a morbidade e mortalidade de 583 recém-nascidos que tiveram líquido amniótico impregnado de mecônio durante o período de um ano em 2.297 nascimentos consecutivos. Observou-se idade gestacional, peso ao nascer, tipo de parto e Apgar do 1? ao 5? minuto enfatizando-se a aspiração de mecônio em orofaringe e traquéia antes da primeira respiração. Cinqüenta e sete(9.8%) apresentaram sinais de insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida. A aspiração de mecônio foi a doença respiratória mais freqüente (35.1%) com letalidade de 15%; seguiu-se a taquipnéia transitória (28.2%)e insuficiência respiratória leve (19.3%) ambas com letalidade zero. Nos casos estudados ocorreram sete óbitos; em três havia aspiração de mecônio, em dois membrana hialina e em outros dois encefalopatía hipóxico- isquêmica grave sem comprometimento pulmonar.
"A impregnação meconial de líquido amniótico é bastante freqüente.
A teoria clássica de que a eliminação de mecônio intra-útero significa sofrimento fetal por hipóxia tem sido discutida em estudos que demonstraram que fetos nesta situação podem apresentar excelentes condições de vitalidade ao nascer. Entretanto, 10 a 30% dos meconiados apresentam nas primeiras horas de vida sinais de insuficiência respiratória de diferentes graus de intensidade podendo as vezes ser bastante grave chegando ao óbito..."
Durante o período de estudo nasceram em nossa maternidade 2.297 crianças, das quais 583 (25.4%) apresentaram líquido amniótico impregnado com mecônio em quantidade e consistência variáveis. Destes 57(9.8%) apresentaram sinais de insuficiência respiratória nas primeiras horas de vida, cujas causas constam na tabela 1. Dos 57 RN somente sete eram

prematuros com peso médio de 1.930 gramas, sendo os demais RN a termo e pós-termo com peso médio de 3.320 gramas. Deste grupo, 49,1% (28 RN) nasceram de parto cesáreo; 49,1% (28 RN) tiveram anóxia ao nascer e 36,8% (21 RN) necessitaram de procedimentos de reanimação na sala de parto.
A freqüência de eliminação de mecônio intra-útero varia de oito a 29%2 6- ia 16. Em nosso estudo, a freqüência foi de 25,4%. Sabe-se que existe correlação direta entre sofrimento fetal e eliminação de mecônio intra-útero.
A letalidade por aspiração foi de 15%. Dos três casos de óbito, dois tiveram encefalopatía hipóxico-isquêmica grave com convulsões de difícil controle. O outro RN apresentou pneumotórax extenso na primeira hora de vida, que foi drenado e permaneceu sob ventilação assistida (Tabela 2). Este índice de letalidade é bastante alto se compararmos com a referência
de Hjalmarson7, na Suécia, onde a letalidade é zero. Ting & Brady tiveram 25% de letalidade (sete óbitos em 28 casos). No estudo feito por Khatua & cois., na índia, a letalidade foi tmbém bastante alta variando de 14,6 a 75% de acordo como peso do RN.
Em uma revisão bastante abrangente do tema, Bacsik descreve que "a aspiração de líquido amniótico impregnado com mecônio pode provocar um espectro de dificuldades respiratórias no recém-nascido, que varia desde taquipnéia transitória leve até insuficiência respiratória" Tratase
de afirmativa sem maiores especificações que pode confundir a doença caracterizada como taquipnéia transitória do RN com formas menos graves da aspiração de mecônio.


TEXTO NA ÍNTEGRA: Líquido aminiótico com mecônio e doença respiratória aguda em recém-nascidos. Um estudo prospectivo. Angela Sara Jamusse de Brito. Ana Berenice Ribeiro de Carvalho. Jurani Barbosa.

http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/7.pdf

1 comentários:

  1. texto bem esclarecedor...é tanta coisa que pode acontecer com nossos bbs ainda dentro da barriga que da até medo!

    te deixo meu abraço e desejo de uma ótima semana

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