ADOREI ESTE ARTIGO E ACREDITO QUE AJUDARÁ BASTANTE.
Não, não pode.” Depois de termos ouvido tantos “nãos” quando crianças, voltamos a escutá-los, agora, adultas, na gravidez. Se você ainda não engravidou, prepare-se. Um dos primeiros vai ser: não, nem pense em tomar qualquer tipo de remédio sem falar com seu médico antes, mesmo os que você sempre usou. A ciência ainda desconhece os efeitos que a maioria deles poderia causar durante a gravidez. Por isso, a recomendação é evitá-los. Alguns, que são usados com frequência, como os anti-inflamatórios, podem causar alterações no desenvolvimento do coração do bebê, por exemplo. Apesar da advertência, estudos feitos no mundo todo mostram que cerca de 15% das gestantes acabam se arriscando e se medicam sem orientação do obstetra. O mesmo acontece com os suplementos vitamínicos. “É uma tendência. Muitas mulheres chegam no consultório tomando ou por conta da academia ou porque acreditam que é importante para uma futura gravidez. Quem não toma e está grávida, pede”, afirma Humberto Tindó, chefe do setor de ginecologia e obstetrícia do Hospital Central da Polícia Militar e coordenador do mesmo setor no Hospital Quinta D’Or (RJ). As pesquisas mais recentes apontam para um novo tipo de suplementação na gravidez, com ômega 3, nutriente que ajuda no desenvolvimento intelectual do bebê. Os especialistas ouvidos por CRESCER afirmam que é muito cedo para torná-la uma recomendação formal e que o ideal é consumir, pelo menos, quatro vezes na semana, peixes de água fria cozidos (como salmão e sardinha). Mas, com os demais suplementos, como os polivitamínicos, a história é diferente. Alguns médicos indicam o acompanhamento com uma nutricionista porque, com uma dieta variada e equilibrada, a gestante teria a quantidade adequada de nutrientes que precisa, mas fazer tudo superdireitinho – o que inclui ter uma alimentação saudável, comer as quantidades certas, a cada três horas, etc. – não é uma possibilidade para todo mundo. Então, o especialista recomenda o uso de polivitamínicos, uma vez ao dia, durante toda a gestação. E os cuidados com as vitaminas deve começar antes mesmo de você engravidar. É consenso entre os médicos que toda mulher que está tentando engravidar tome ácido fólico, que previne problemas no tubo neural e ajuda na formação da coluna do bebê. Estudos realizados em países que adotaram a fortificação das farinhas com o nutriente, caso do Brasil, já mostram uma redução de até 78% nos casos de doenças relacionadas a esse tipo de problema.
Se remédios e vitaminas são temas mais discutidos com o obstetra e até mesmo com amigas e familiares, o mesmo não se pode dizer sobre vacinas, que dão uma proteção extra ao seu bebê. Você sabe quais tomou (ou deveria ter tomado) nos últimos anos? “Cerca de 90% das pacientes não sabem dizer”, afirma Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein (SP). Por que faz diferença se vacinar antes de engravidar ou até mesmo durante a gravidez? Por dois motivos: seu organismo forma anticorpos contra as doenças, que são passados para o feto dentro do útero, que também ficará mais resistente a esses problemas, além de evitar que você pegue a doença e desenvolva algum problema que coloque você ou o bebê em risco. Mas pode tomar qualquer uma? Adivinhe? Não. Nas próximas páginas, você vai descobrir quais vacinas, remédios e vitaminas deve ou não tomar antes e depois de engravidar para ter uma gestação mais segura e tranquila.
Vacinas
ANTES DE ENGRAVIDARTome ácido fólico, que previne problemas no tubo neural e ajuda na formação da coluna do bebê, três meses antes de começar a tentar engravidar e use até o fim do primeiro trimestre – uma cápsula de 5 mg por dia. Isso porque a ação principal dessa vitamina dá-se nas primeiras oito semanas de gestação. O ácido fólico está disponível gratuitamente na rede básica de saúde (mediante receita). Na farmácia, custa entre R$ 10 e R$ 30 a caixa com 30 comprimidos.
A lista de vacinas que toda mulher deve tomar é longa (veja no nosso site todas elas). Por isso, primeiro, o médico vai pedir um exame de sangue (chamado sorologia) para saber se você já está protegida contra algumas doenças. Para as que estiverem OK, não é preciso tomar a picadinha de novo – com exceção da contra a gripe, que é sazonal. Se puder, vacine-se contra as demais para as quais não está protegida até 90 dias antes de tentar engravidar. Esse tempo, que não é um consenso entre os médicos, serve para evitar o risco teórico de contaminação do feto.
Se não for possível se proteger contra todas elas, dê preferência a três:
- Rubéola: pode causar má-formações no bebê. Na rede privada, é dada na tríplice viral, que protege ainda contra sarampo e caxumba. Uma dose. R$ 60. Gratuita no posto.
- Hepatite B: a doença pode ser passada para o bebê no nascimento, que vai desenvolver hepatite crônica ao longo da vida. Três doses. R$ 65 cada. Gratuita na rede pública para menores de 25 anos.
- Gripe: o impacto da doença é maior em gestantes. Uma dose, de preferência no outono. R$ 70.
SE JÁ ESTÁ GRÁVIDA Se você tomou todas as doses indicadas, não precisa se preocupar. A única que deve repor durante a gravidez é a da gripe, porque a formulação da vacina muda todo o ano. Ela é gratuita para gestantes.
Se não se vacinou contra nenhuma e o exame de sorologia não mostrou nenhuma novidade, além da vacina contra a gripe, agora você só pode se proteger contra a hepatite B (três doses), a antitetânica (se não foi vacinada nos últimos cinco anos, com duas ou três doses) e a da febre amarela se for viajar para área de risco. Todas estão disponíveis gratuitamente na rede pública para gestantes.
É recomendado evitá-las antes da 16ª semana para não interferir no desenvolvimento do feto.
Se você tomou alguma vacina que não está citada acima sem saber que estava grávida, não entre em pânico. Converse com seu médico. A chance de acontecer algum problema com o bebê é muito rara.
Gestantes com doenças crônicas, como as soropositivas, têm calendário de vacinação diferente.
Vitaminas
Se você ainda está no primeiro trimestre e não tomou ácido fólico, comece a usá-lo já. Vale lembrar que vegetais de folhas escuras são ricos nesse nutriente – não esqueça de colocá-los no prato.
Mesmo que você coma feijão e vegetais de folhas verde-escuras, ricos em ferro, a suplementação é indicada por alguns especialistas porque, durante a gravidez, é comum ter anemia. Por isso, a grávida toma, a partir da 20ª semana, entre 600 e 900 mg de suplemento de sulfato ferroso por dia. Durante o pré-natal, o médico vai pedir ao menos dois hemogramas para checar os níveis de hemoglobina no sangue (indicativo da doença). Se der alterado, aumenta-se a suplementação. A vitamina está disponível na rede básica de saúde (mediante receita) ou pode ser adquirida em farmácias com um custo médio entre R$ 4 a R$ 12. As gestantes vegetarianas precisam de um cuidado ainda maior e, de preferência, fazer um acompanhamento com um nutricionista ou nutrólogo.
Outra opção é a grávida tomar um polivitamínico a partir do primeiro trimestre. A indicação fica à critério de cada obstetra. Ele contem várias vitaminas, como ferro e cálcio, importante para a formação dos ossos do bebê (a recomendação do suplemento de cálcio, isolado, não é consenso entre os especialistas). Não esqueça de incluir leites e derivados na sua alimentação. O ideal é consumir ao menos três copos de leite ou iogurte todos os dias, o que equivale a 750 ml ou três fatias grossas de queijos magros. O polivitamínico pode ser encontrado na rede pública de saúde (mediante receita) ou comprado por cerca de R$ 30.
Remédios - OS PROIBIDOS
Se você está tentando engravidar ou já está grávida, não use de jeito nenhum:
Sinvastatina – Indicada para controlar os níveis de colesterol no sangue, não deve ser usada na gravidez sob risco de causar má-formações no desenvolvimento dos órgãos do feto.
Tetraciclina – Antibióticos com essa substância causam má-formações no bebê, como problemas nos ossos.
Talidomida – Indicado para tratar hanseníase, aids, lúpus e alguns tipos de câncer, causa má-formações nos membros superiores e inferiores em qualquer fase da gestação. Chegou a ser proibido mundialmente, mas hoje é usado em ambiente hospitalar e também fornecido aos pacientes mediante uma série de exigências.
Isotretinoína – Para acne severa, só é vendida com receita especial. A paciente deve assinar um termo de responsabilidade de que não engravidará durante o tratamento e até 30 dias depois, porque o remédio causa deformações no bebê.
COMO TRATAR Claro, sempre você vai ouvir seu obstetra antes, mas veja como lidar com...
...a dor
O uso contínuo de alguns anti-inflamatórios pode causar alterações na formação do coração do bebê e também aumentar a pressão arterial do feto. O medicamento mais indicado para tratar dores é o paracetamol. A dipirona só deve ser usada em casos específicos. O ibuprofeno e o ácido acetilsalicílico, por terem ação anti-inflamatória, não devem ser usados no último trimestre – exceto se tiver uma indicação precisa do médico.
...a azia e a queimação
Apesar de o omeprazol ser um dos remédios mais usados para problemas estomacais, os médicos não sabem os efeitos que ele pode causar no feto. Em geral, indica-se antiácido (hidróxido de alumínio).
...o nariz entupido
Não use descongestionantes nasais, que podem diminuir o fluxo de sangue da placenta. Aplique soro fisiológico e faça inalações com vapor.
Cuidado com as pomadas
Sim, elas também precisam ser liberadas pelo seu obstetra – até aquelas que você passava quando tinha uma marca roxa na pele ou depois de tomar uma picada de pernilongo. Algumas de uso antibiótico são liberadas, bem como as anti-inflamatórias, mas essa só pode ser usada por até três dias. Sempre pergunte para o médico antes de usar.
Fontes: Andrea Fontoura, farmacêutica e pesquisadora da USP de Ribeirão Preto; Fabiana Sanches, coordenadora da Saúde da Mulher do Hospital Santa Marcelina; Eduardo Cordiolli, ginecologista, obstetra e presidente do comitê de urgências da Febrasgo; Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein (SP); Humberto Tindó, chefe do setor de ginecologia e obstetrícia do Hospital Central da Polícia Militar e coordenador desse setor no Hospital Quinta D’Or (RJ) Ministério da Saúde; Nilson Szylit, ginecologista e obstetra do do Hospital São Luiz (SP); Paulo Roberto Marinho, ginecologista e obstetra, diretor médico da parinatal de Laranjeiras(RJ); Renato Kfouri, pediatra e presidente da Associação Brasileira de Imunizações; Roberto Costa, ginecologista e professor de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI281783-10484-2,00-SERA+QUE+PODE.html
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