SEJAM BEM VINDOS!

PERCEPÇÕES...quase 6 mêses depois que você se foi..


As vezes acho que vou acordar e nada disto aconteceu, meu bebê está qui, crescendo e nós estamos felizes, tudo não passou de um pesadelo...Mas não, aconteceu e conviver com a perda é uma ds tarefas mais difíceis na vida de uma pessoa. Não é só a "perda física de um bebê", é a perda de um filho, de sonhos de muitas pessoas, dos planos e projetos, dar um novo percurso a vida. Me sinto mutilada, é viver sabendo que uma parte de ti não está mais ali. Só quem passa pela dor da perda de um filho pode compreender com a devida sensibilidade o que estou falando...
O que me recordo daquele dia é um dia lindo de sábado, com um sol brilhando e no meio do dia tudo ficou turvo e a tempestade ameaçava, só não sabia que seria um dia tão longo, o que era um sonho lindo se transformara em um dia de medos, de dor...
Percepções daquele dia, lembro do medico não achando os batimentos cardíacos e nós ali sem compreendermos bem o que estava acontecendo. Eu só pedindo a Deus pra me dar forças porque eu já não era mais eu e sim um pedaço de gente estirada numa cama sem saber de nada, só sabia que ele iria nascer, mas não estava vivo. Me recordo que o tempo parou, eu não me localizava mais espacialmente, sabe quando a gente assiste a um filme e o relógio pára, foi mais ou menos isto que senti. Sei que as coisas estavam acontecendo e eu anestesiada ali, não falando coisa com coisa. Um fato não me sai da cabeça, lembro da maca do hospital deles me empurrando para o centro cirúrgico e eu só pensando que ía morrer; o corredor pareceu imenso, ouvia o barulho das rodinhas da maca pelo piso e só. Entrei no centro cirúrgico e vi um holofote enorme em cima de mim, não sei como se chama este aparelho, mas é uma roda enorme com umas lampadas em cima da gente e lembro que eu fechava os olhos pra não ver o que as lampadas poderiam me mostrar... Lembro-me também do médico me pedindo pra ter forças e meu marido ali do meu lado me pedindo pra não desistir... Teve um momento que tudo parou, a contração parou, o médico parou e eu parei, me lembro dele me dizendo que haviam parado as contraçoes pelo fato do bebê estar morto e me dizendo:''olha, eu vou ter que aplicar mais uma dose de ocitocina e você vai ter que ser forte, porque a dor que está sentindo é 10 vezes maior que a dor de parto sem indução..." e eu ali, parecendo dopada e só concordando com tudo, mas ao mesmo tempo não sabendo realmente de nada...
Percepões daquele dia, daquele momento... foi tudo tão assustador que na sala ao lado estava uma gestante ganhando seu bebê ao mesmo tempo, que eu e o dela chorou e o meu não, o choro daquela criança entrou nos meus ouvidos e me deixou mais perplexa ainda, os médicos se cumprimentaram em pêsames, um vitorioso e outro sentindo muito pela perda. Lembro-me de toda movimentação do hospital das pessoas ao meu redor, na volta do corredor para o quarto a familia da outra gestante toda feliz e me perguntando o que era o meu bebê e eu parecia que não tinha mais voz, só falava ele nao nasceu e as pessoas me dando os pêsames e eu na maca, ouvindo o barulhinho das rodinhas...
Quando eu voltei pro quarto os familiares lá... todos em pranto e eu lembro de dizer chorando"meu anjinho nasceu"....
Agora depois de quase 6 mêses eu aqui narrando as sensações, os cheiros e gostos daquele hospital..
Hoje entendo o que era aquilo, era a perda do meu filho, eram os sentimentos conturbados e eu perdendo literalmente os sentidos... A dor psicológica transpassou a dor física, digo que naquele momento poderia me cortar toda que eu não sentiria mais a dor física...
Acredito que muitas passaram por coisas tão sofridas quanto eu. Estamos vivas, lutando cada dia pra seguir em frente e renovando sempre as esperanças.
Digo a todas vocês que também perderam um bebê que Deus vai nos restituir...
Tudo isto vai passar...
Foi muito difícil escrever aqui, eu sinceramente achava que não conseguiria dividir com vocês...Mas em respeito a todas que me seguem e que me dão forças eu resolvi dividir com vocês um pouco do que senti naquele momento.
Fiquem em paz!!!

9 comentários:

  1. ola querida! sinto muito mesmo!também passei por isso,só que no meu caso foi feito curetagem,alguns colegas me ligaram preocupados com a dor que eu ia sentir mas não entendiam que a minha dor não era dos procedimentos e sim da perda, se me cortassem toda eu nem ia sentir...assim como vc tbém lembro do corredor,do barulho das rodinhas e de como as coisas funcionavam mesmo que para mim nada mais funcionasse,eu tinha parado no tempo,lembro de tudo ate que apaguei e quando me acordaram perguntaram se eu queria ver? respondi q sim e vi meu bb aos pedaços dentro de um vidro,entrei em choque e minha vida parou...te entendo e sei como doi passar por tudo isso,mas sei que infelizmente precisamos seguir a vida no vazio que nossos pequenos nos deixaram.
    te deixo meu abraço bem apertado!

    ResponderExcluir
  2. 6 meses... vc ainda está na fase do luto, a dor ainda é mto recente. tenha fé! daqui a algum tempo toda essa dor se transformará... em que exatamente só depende do que vc irá buscar pra si. mas garanto que será bemmm mais amena... FORÇA
    olhardepsicologa@ymail.com

    ResponderExcluir
  3. Marissa, Imagino quao dificil foi escrever este post, que mostra o quao viva fica a dor, independente dos meses que se passam.
    Como tu mesmo disseste, tudo isso um dia vai passar, mas ateh la que tenhas forcas para ir te re-erguendo e te fortalecendo!
    Ser mae eh um sonho da maioria das mulheres, e infelizmente para algumas, este sonho toma algumas direcoes que nos fazem sofrer! Muitas de nos passam pelo o que estas descrevendo e cada uma de nos tenta se fortalecer como pode. Seja no inicio, no meio ou no fim a dor da perda eh horrivel..
    Mas acredito que mais na frente a alegria de uma nova gravidez, e a descoberta de outros sentimentos, possam fazer a gente descobrir novas maneiras de encarar este mundo!
    Um abraco carihoso,
    Flavia
    Maes Online - www.maesonline.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Querida Marissa, imagino o quanto foi difícil pra você, reviver todos os momentos e contar aqui de forma tão sincera tudo o que você passou. Obrigada por dividir conosco a sua história.
    Um grande beijo!

    ResponderExcluir
  5. Oh flor, é muito triste msm. Passei por experiência semelhante. Abortei no dia da minha cesárea. Passei mal em casa e devido às contrações achava que a Giulia queria nascer antes... eu estava enganada, era um aborto. O médico não localizou os batimentos e fui de imediato submetida a cesárea. Sabemos que abortar é algo muito difícil, mas assim na reta final da gestação... Tive trombofilia devido uma deficiência na Proteína S (responsável pela coagulação sanguínea). Agora, após dezenas de médicos e exames, estou começando a pensar em engravidar novamente! Tenho certeza que nossos anjinhos (Giulia e Lucas) estão bem e muito felizes, brincando juntos aonde quer q estejam. Muita paz, bj Giuli.

    ResponderExcluir
  6. Então querida Nanda a dor psicológica, as "feridas" que ficam são muito duras e parecem que nunca vão cessar...Eu também fiz a curetagem e como vc disse a dor psicológica transpassa a dor física, nem lembro muito da dor da curetagem lembro que demorou... E sinto muito pelo seu bebê, vê-lo nas condições descritas por você foi muito forte, achei insensibilidade do médico que te "mostrou" assim, sem instruí-la antes, mas vamos superar tudo isto. Um grande abraço e estou torcendo por você!!!!

    ResponderExcluir
  7. Flávia, realmente a dor que sentimos é incalculável e escrever este post foi muito difícil, mas eu de certa forma "precisava", foi um desabafo. Também tenho me enchido de esperanças e creio que logo o sonho da maternidade se concretizará em minha vida...Um grande abraço e obrigada por postar em meu blog.

    ResponderExcluir
  8. Giuli, sinto muito mesmo pelo que vc passou, é tudo muito duro pra nós... Sei que nossos bebês estão sim brincando no céu neste momento e felizes por estarmos aqui e nos comunicando. Vamos vencer e creio que estaremos no futuro falando sobre um suceso, nunca percamos a esperança...

    ResponderExcluir
  9. Débora, obrigada pela força de sempre e pela amizade. Um grande abraço!!!

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar!